Quinolonas: os desafios de uma vida longa

A descoberta das quinolonas ocorreu acidentalmente no processo de desenvolvimento de antimaláricos no início da década de 1960. Desde a disponibilização do Ácido Nalidíxico para uso clínico, uma série de outros representantes da classe foram sendo progressivamente incorporados no arsenal terapêutico, quase sempre em resposta a um mecanismo de resistência antimicrobiana emergente. Foi neste período que representantes extensamente utilizados na prática clínica, como a ciprofloxacina, levofloxacina, gatifloxacina e moxifloxacina foram descobertos. 

No entanto, a trajetória das quinolonas não foi marcada só por sucessos. A própria gatifloxacina teve seu registro para uso clínico suspenso no Brasil pela sua relação com morte súbita em pacientes diabéticos. Diversas outras relações de toxicidade envolvendo quinolonas, como bloqueio da condução cardíaca, ruptura de tendões, neurotoxicidade e fotossensilidade foram descritas. 

Apesar destas advertências, as quinolonas ainda são uma das classes de antibióticos mais prescritos no mundo. O largo espectro de ação e excelente biodisponibilidade torna as quinolonas uma excelente opção de tratamento para diversar síndromes infecciosas de alta frequência na população geral. Estudos recentes e alertas de agências reguladoras como o FDA, EMEA e ANVISA têm reforçado a necessidade de uso cauteloso desta classe de antibióticos e, desta forma, impõe aos médicos prescritores atenção especial frente a sua utilização. 

*Cláudio Penido Campos Junior é médico infectologista e membro da diretoria da Sociedade Paulista de Infectologista





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