Julho amarelo - mês de enfrentamento às hepatites virais

A hepatite viral  é inflamação do fígado considerada  uma grave ameaça à saúde, pois na maioria dos casos é assintomática, e quando não diagnosticada precocemente pode desenvolver graves formas evolutivas como a cirrose hepática e o hepatocarcinoma.
 
Com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, da vacinação e do tratamento das Hepatites Virais, a organização mundial da Saúde –OMS, com forte participação do Ministério da Saúde do Brasil,  já havia instituído em 2010, no dia 28 de julho de cada ano, o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais.

Ampliando o intuito de propiciar maior visibilidade à essa séria questão de saúde pública, no último dia 10/01/2019, foi sancionada pelo presidente da República  a LEI Nº 13.802,  que institui o Julho Amarelo, preconizando a realização durante o mês de julho de cada ano, em todo o território nacional, ações relacionadas à luta contra as hepatites virais.

O PL que originou a referida lei foi de autoria do então presidente da Frente Parlamentar de Luta contra as Hepatites Virais, deputado Marcos Reategui, por solicitação das Associações de Pacientes e das Sociedades Médicas que lidam com a especialidade.

Particularmente no município de Santos SP lei correlata existe desde março de 2015,  LEI MUNICIPAL 3117, de autoria do então vereador Dr. Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, infectologista e consultor da OMS.

O país registrou mais de 40 mil novos casos de hepatites virais em 2017, sendo que a do tipo C, a única que não tem vacina, é a maior causa de cirrose hepática e de indicação para transplante de fígado no Brasil e no mundo.

Durante o Encontro da Cúpula Mundial – Word Hepatitis Summit, realizado em São Paulo em novembro de 2017, com a presença de mais de 100 países, foi estabelecida a meta pela OMS da eliminação da Hepatite C até o ano de 2030.

O estabelecimento dessa meta foi estimulado pela descoberta da ciência de medicamentos antirretrovirais de ação direta, com altíssima eficácia e segurança, período curto de tratamento e com reações adversas praticamente inexistentes, e o Brasil passou a ficar na linha de frente quando os incorporou no SUS em 2015, com esforços exitosos protagonizados pelo Ministro da Saúde e diretor do Departamento Nacional de IST, Aids e Hepatites da época, respectivamente os doutores Arthur Chioro e Fábio Mesquita.

Lamentavelmente por questões econômicas, de gerenciamento entre outras condições contrarias, o fornecimento dos medicamentos para Hepatite C foi interrompido em 2018, causando consequências desfavoráveis para a saúde dos doentes, bem como a indignação dos profissionais da saúde que lidam com a patologia, pois emergiu o antagonismo entre a medicação eficaz e a dificuldade de acesso à mesma.

No entanto, no início do ano foi realizado pregão eletrônico e efetivada a compra de quase 43 mil tratamentos, com início de distribuição ainda no mês de julho de 2019, o que suprirá toda a demanda reprimida no país.

E dessa forma torna-se ainda mais relevante o período do “Julho Amarelo”, quando a proposta é intensificar as ações de testagem rápida para as Hepatites Virais, principalmente a do tipo C, bem como a conscientização sobre a imunização da Hepatite B.

O MS adquiriu significante quantitativo de kits de teste rápido, e coloca à disposição dos serviços públicos de saúde de todo o país e assim torna-se importante ampliar campanhas de testagem rápida, incluindo as “extra muros”, organizando mutirões, estabelecendo parcerias com ONGs e outros segmentos, afinal há testes, medicamentos e ambulatórios da especialidade para posicionar o Brasil como um dos principais protagonistas mundiais do combate às Hepatites Virais, e o “Julho Amarelo” é uma ótima oportunidade.
 

*Jeová Pessin Fragoso é Diretor Presidente do Grupo Esperança de apoio a portadores da hepatite C 





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