Surto de Conjuntivite em cidades do Brasil preocupa especialistas

A Conjuntivite é caracterizada pela inflamação da conjuntiva e pode ser causada por agentes tóxicos, alergias, bactérias ou vírus. Surtos da doença já foram registrados em várias cidades do Brasil neste verão. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Caldas Novas (GO) têm registrado cerca de 50 casos da doença por dia e em Salvador (BA), só durante o Carnaval, foram notificados 191 casos da enfermidade, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). No ano passado, no mesmo período, foram 17 casos - aumento de 1.023%.

“A epidemia tem relação com o carnaval devido à aglomeração de pessoas, contato físico e queda de resistência, condições que são favoráveis para o problema. Além disso, ela pode ter evolução variável dependendo da cepa e da imunidade do paciente", explica o médico oftalmologista,  Luís Eduardo Rebouças de Carvalho.

Em Caldas Novas (GO), o problema foi desencadeado em razão das águas quentes das piscinas termais, principalmente nessa época de férias e carnaval. E a tendência é expandir para outras cidades a medida que as pessoas vão retornando para seus domicílios.

Segundo o médico oftalmologista Leo Rozenbaum, foram colhidas amostras da água de diversas piscinas da rede hoteleira local e, por hora, foi identificado o Enterovírus como o agente causador mais provável, ainda que comumente nas Conjuntivites virais, o Adenovírus é o mais frequente”, comenta o especialista.

Os sintomas em geral são de lacrimejamento intenso, conjuntivas vermelhas e sensação de areia nos olhos em razão do edema e da inflamação da conjuntiva, que reveste internamente as pálpebras, sendo não raro a sensação de fotofobia. 

Em razão de sua rápida propagação é indicado que os infectados sejam afastados de suas atividades laborativas e escolares em virtude do alto risco de contaminação. Recomenda-se ainda acompanhar a evolução com o médico oftalmologista, em razão de eventuais complicações que podem afetar a córnea, havendo maior risco do paciente desenvolver problemas de  visão, sendo que pode haver tratamento específico caso a caso.

A Conjuntivite viral é uma doença autolimitada, que dura geralmente 15 dias, apresentando resolução completa dentro de uma a três semanas e não existe tratamento específico para a conjuntivite viral. Inicialmente, o tratamento tem por objetivo diminuir os sintomas e os incômodos. “São aconselhadas medidas de higiene especialmente das mãos, pois estas ficam sempre em contato com os olhos e a lágrima contaminada e, assim, facilmente acabam contaminando objetos e outras pessoas também adquirem. O uso de colírios lubrificantes e compressas geladas podem aliviar o desconforto”, finaliza Rozenbaum.

Quando o assunto é a prevenção desta doença, a médica infectologista e membro da diretoria da SPI, Lucy Vasconcelos, é assertiva em dizer que lavar bem as mãos é a melhor forma de se proteger, já que tudo tocado por elas são fontes das infecções. “Lave-as com frequência utilizando água e sabão, evite coçar ou manipular os olhos e a região periocular, não compartilhe toalhas de rosto e não use medicamentos (pomadas, colírios) sem prescrição e orientação médica”, finaliza a infectologista.





Veja todas Notícias da SPI

14º Congresso Paulista de Infectologia