Prevenção por meio de medicamentos e vacinas é tema do I Fórum de HIV e doenças associadas

Aconteceu no anfiteatro do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, no dia 14 de fevereiro, o I Fórum de HIV e doenças associadas. O evento reuniu especialistas para apresentarem os históricos de epidemia de algumas doenças e os avanços dos tratamentos e terapias. Um dos temas do Fórum foi a prevenção por meio de medicamentos e vacinas, apresentado por Ricardo Vasconcelos, médico infectologista do HCFMUSP.

Na apresentação, o especialista destacou as últimas evidências científicas para a prevenção do vírus e afirmou que apenas com a camisinha nunca será possível controlar a epidemia de HIV. De acordo com os últimos dados do UNAIDS de 2017, 37 bilhões de pessoas convivem com o vírus HIV no mundo.

“Já sabemos o que fazer com quem está infectado, mas ainda patinamos quando o assunto é a prevenção”, conta o médico ao mostrar que no mundo houve 1,8 milhão de novos casos de infecções pelo HIV em 2017. No Brasil, embora as campanhas de prevenção tenham avançado, tudo o que foi feito funciona apenas de forma parcial, já que os números de infecções no Brasil se mantêm estáveis desde 1996: 40 mil novos casos por ano, segundo dados do SUS.

Ao falar de prevenção, o preservativo é destacado como a principal forma de evitar a infecção do vírus HIV. Porém, na pesquisa do Ministério da Saúde sobre comportamentos, atitudes e práticas de 2013, menos da metade da população usa a camisinha de forma correta. “Hoje a gente entende que para controlar uma epidemia de uma IST, como o HIV, teremos mais sucesso com a combinação de estratégias de prevenção”, explica o infectologista.

Além da camisinha, os antirretrovirais são importantes aliados na prevenção do HIV. Um estudo realizado pelo Partner 2, mostrou pela quarta vez que ao tratar uma pessoa com o vírus, ela não o transmite para outra pessoa, mesmo em relações sexuais desprotegidas. No estudo, das 77 mil relações sexuais sem preservativos, não houve nenhuma transmissão do vírus.

“Na minha apresentação, que falava sobre a prevenção de HIV com medicamentos, mostrei dados de alguns lugares do mundo, como Nova York e Austrália, que estão tendo bons resultados com a implementação da estratégia de prevenção combinada, que dá a autonomia da pessoa escolher a prevenção que mais se adapte a ela. Dentro da prevenção de HIV, as coisas são mais complexas do que as pessoas acham, a camisinha é ótima, mas é um erro achar que ela consegue resolver tudo. A PrEP é absolutamente necessária, a população real pode ou não usar a camisinha para se proteger, metade da população não consegue. As pessoas que são contra a prevenção com medicamentos ainda estão na década de 80. Em 2019, é possível afirmar que somente a associação de todas essas estratégias podem dar conta do recado”, finaliza Vasconcelos.





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