Dia Mundial de Luta contra AIDS 2018: Avanços no tratamento nos deixam mais próximos da cura da doença

1° de dezembro é o Dia Mundial de Luta Contra AIDS - doença que apresentou o primeiro caso no Brasil em 1980, na cidade de São Paulo, e que nas décadas de 80 e 90 causou um assustador aumento de casos e fez com que o Banco Mundial previsse para o ano 2.000 cerca de 1.200.000 brasileiros vivendo com  a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV).

Contudo, o contexto sociocultural que vivíamos nos anos de 1970 e 1980, foi marcado pela conquista de liberdades individuais e pelo avanço no reconhecimento dos direitos de populações socialmente marginalizadas, como mulheres, homossexuais e negros. E este ativismo político nos possibilitou a imediata reação de movimentos sociais frente à AIDS, tanto no plano da atenção à saúde como na prevenção e no combate às situações de discriminação dirigidas aos grupos mais afetados e às pessoas vivendo com HIV e AIDS.

Esse movimento, do qual participaram, entre outros, igrejas, setor privado, comunidade científica e organizações não governamentais (ONGs), além de impulsionar as políticas públicas, permitiu uma organização social fundada na solidariedade, um conceito compreendido, no âmbito do movimento social, como uma ação coletiva cuja finalidade é preservar a cidadania dos doentes e dos grupos mais atingidos.

A experiência brasileira é frequentemente citada como um modelo para outros países que enfrentam a epidemia da AIDS. A estratégia internacional adotada pelo Brasil, além de influir no contexto global, possibilitou o fortalecimento da resposta à epidemia da doença dentro do nosso próprio país.

A política adotada pelo Brasil no combate a AIDS inclui ações impactantes, tais como o fornecimento universal de medicamentos Antirretrovirais, estratégias de prevenção combinada, pré e pós infecção, políticas sociais para comportamentos de risco e a colaboração com organização não governamentais.

Segundo o último Boletim Epidemiológico divulgado, em 2017, foram diagnosticados 42.420 novos casos de HIV e 37.791 casos de AIDS – notificados no Sinan, declarados no SIM e registrados no Siscel/Siclom –, com uma taxa de detecção de 18,3/100.000 habitantes (2017), totalizando, no período de 1980 a junho de 2018, 982.129 casos de AIDS detectados no país. Desde o ano de 2012, observa-se uma diminuição na taxa de detecção de AIDS no Brasil, que passou de 21,7/100.000 habitantes (2012) para 18,3/100.000 habitantes em 2017, configurando um decréscimo de 15,7%; essa redução na taxa de detecção tem sido mais acentuada desde a recomendação do “tratamento para todos”, implementada em dezembro de 2013.

Como a notificação da infecção pelo HIV ainda está sendo absorvida pela rede de vigilância em saúde, não são calculadas as taxas referentes a esses dados. No Brasil, no período de 2000 até junho de 2018, foram notificadas 116.292 gestantes infectadas com HIV, das quais 7.882 no ano de 2017, com uma taxa de detecção de 2,8/1.000 nascidos vivos. Também em 2017, foram registrados no SIM um total de 11.463 óbitos por causa básica AIDS.

As pesquisas de cura da doença têm se incrementado cada vez mais. Cientistas brasileiros também estudam a cura da AIDS. Também por isso nosso país é muito respeitado nas ações de combate a infecção. Logo, esperamos que o Brasil continue avançando nas ações de prevenção, tratamento com medicamentos de melhor adesão, nas pesquisas cura e nos resultados mais animadores.

*Lucy Cavalcanti Ramos Vasconcelos é médica infectologista e membro da diretoria da Sociedade Paulista de Infectologia
 
Referências
 
1- Boletim Epidemiológico - HIV Aids Julho de 2017 a junho de 2018 Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde
2- Evolution of HIV/AIDS response in Brazil: Policy innovations and challenges in the fourth decade of the epidemic. Int J Health Plann Manage. 2018 Jan;33(1):e238-e250. doi: 10.1002/hpm.2452. Epub 2017 Sep 6.
3- www.aids.gov.br
4- AIDS Treatment In Brazil: Impacts And Challenges Published in final edited form as: Health Aff (Millwood). 2009





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