Doenças Sexualmente Transmissíveis são temas do 11º Congresso Paulista de Infectologia

Causadas por diferentes tipos de agentes, as DSTs são disseminadas por contato sexual desprotegido: Estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas adquirem uma DST por dia. Na 11ª edição do Congresso Paulista de Infectologia, várias apresentações trouxeram como tema as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), onde especialistas discutiram sobre pesquisas e ações para controle e prevenção do problema.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), duas das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo estão se tornando intratáveis: sífilis e gonorreia. De origem bacteriana, elas estão se tornando cada vez mais resistentes à antibióticos usados em tratamentos. A cada ano, cerca de 78 milhões de pessoas são infectadas pela gonorreia e 5,6 milhões pela sífilis no mundo inteiro.

Gonorreia

Na Mesa Redonda “Atualizações sobre DSTs”, o especialista Philippe Mayaud, professor no Departamento de Pesquisa Clínica na London School of Hygiene and Tropical Medicine, no Reino Unido, contou que pelo alto número de pessoas infectadas pela gonorreia, os antibióticos usados no tratamento estavam sendo receitados sem cuidados, por mais tempo que o necessário e em maiores doses. O que contribuiu para a gonorreia se tornar um dos principais patógenos resistentes, a supergonorreia já não responde a nenhum tratamento disponível.

“Eu procurei abordar em minha palestra sobre como a resistência a Neisseria gonorrhoeae afeta a todos nós. Agora sofremos a situação de termos múltiplas gonorreias por resistência a drogas circulando em todo o mundo, sendo a fonte os países pobres da Ásia e, podendo ser encontrados em vários países como o Reino Unido, EUA ou possivelmente até no Brasil em algum momento. Então, estamos ficando sem opções para cuidados, e esse é o maior aviso. Embora tenhamos mudado as diretrizes da medicação singular para um duplo tratamento medicamentoso, essas duas drogas em particular estão ameaçadas pela situação atual, por isso, meu alerta é para uma melhor gestão para conseguimos encontrar novas drogas, ou ter um melhor gerenciamento para monitorar a resistência e talvez o uso de vacinas. Deveriam haver mais pesquisas sobre vacinas gonocócicas para prevenir a gonorreia”, conta Mayaud.

Sífilis

Ainda na mesma palestra, o especialista Juvêncio José Duailibe Furtado, professor na Faculdade de Medicina do ABC- SP, fez uma apresentação inspiradora em homenagem ao Dia da Música Popular Brasileira, que aconteceu no dia 17 de outubro, junto à informações mundiais sobre a sífilis, também em comemoração ao Dia Nacional de Combate à Sífilis, que aconteceu no último dia 20. Entre frases famosas do nosso MPB, o infectologista fez um alerta sobre os impactos da patologia em escalas globais: Apenas a África ganha do Brasil em números de infectados. Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, a infecção por sífilis no Brasil aumentou mais de 5.000% entre 2010 e 2015, passando de 1.249 para 65.878 casos.

“Apesar de tudo isso, a penicilina ainda é a droga mais segura e não há nenhum caso de resistência comprovada. Essa é uma das utilidades extremas desse antibiótico, a reserva da penicilina tem que ser para isso, não podemos perder a oportunidade de tratar principalmente a sífilis de gestantes e a sífilis congênita”, alerta o especialista.

HPV

Em uma apresentação especialmente dedicada ao tema, o infectologista Philippe Mayaud contou como os rumores diminuem o alcance da vacina que é a principal forma de prevenção da doença.

 
O HPV é uma das doenças mais prevalentes no mundo inteiro, com mais de 150 tipos, o vírus é responsável por  99% dos casos câncer de colo de útero, além dos tumores cervicais, câncer de ânus, vagina e de pênis.

“Embora a eliminação do câncer seja difícil de conseguir, acho que podemos. Este é realmente um momento importante, porque sabemos que as ferramentas estão funcionando, não é tudo perfeito, mas acho precisamos de uma combinação de triagem e vacinação. E a vacinação deve ser estendida para diferentes grupos, e não apenas para os que estão disponíveis agora, já que a vacinação se tornou mais barata, podemos diminuir de 3 doses para 1 dose e ainda ter benefícios. A verdadeira dificuldade, que disse no final da minha palestra, é realmente convencer as pessoas, incluindo os médicos, de que isso pode ser feito. Existe também um grande movimento no mundo em torno da oposição a vacinas, ainda mais sobre vacina do HPV. Isso acontece, pois há uma incerteza e uma dificuldade das pessoas para falar sobre sexualidade, principalmente para pessoas que ainda não são sexualmente ativas. Então, os pais têm a decisão e, ambos negam o que pode acontecer com seus filhos, pois também são muito influenciados por movimentos antivacinas”, finaliza Mayaud.





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